Ariel Por Felipe Mendonça Meus olhos... felipe_santana_2024_1117673
Ariel
Por Felipe Mendonça
Meus olhos brilham
não de luz,
mas de naufrágio.
Ao te ver, tudo em mim afunda
como os móveis pesados
no fundo da minha memória.
As lembranças afogam-me
com mãos familiares,
Elas sabem exatamente
onde apertam.
Ainda te amo depois de tudo,
depois do seu silêncio,
depois do corte seco do tempo
entre nós.
Ariel,
Seu nome é um relâmpago preso
na minha língua.
Eu o digo e sangro.
Eu o calo e morro um pouco.
O amor não me salvou
ele me deixou mais vivo
do que eu suportava.
Amar-te foi um excesso,
uma febre que recusou cura,
um corpo pedindo fim
não por ódio à vida,
mas por ter sentido demais.
Sinto tua falta
como quem sente falta
de um órgão vital.
Respiro,
mas é um ensaio malfeito.
Se morrer fosse apenas
dormir dentro de ti,
eu já teria fechado os olhos
há muito tempo.
