Não peça para eu te mostrar o que... Raimundo Santana
Não peça para eu te mostrar o que vejo,
porque o que meus olhos enxergam em ti
não cabe em nenhuma explicação humana.
É um choque de luz e sombra,
um terremoto silencioso rasgando tua alma.
Eu não posso traduzir a amargura
que se esconde no breu do teu olhar,
essa dor antiga que você guarda
como se fosse relíquia,
como se fosse destino.
E também não posso te convencer
de que em cada palavra tua —
seca, dura, cortante —
mora um ódio que não é teu,
um veneno que alguém te ensinou a beber,
corroendo o que há de mais sublime em você.
Mas ainda assim… é no meio dessa fúria maravilhosa
que meu amor te reconhece.
Porque teu caos chama o meu,
teu desespero conversa com o meu peito,
e tua verdade — mesmo áspera —
me envolve como chama que não destrói,
apenas revela.
E se um dia você permitir,
eu te mostro que, por trás do teu espanto,
ainda existe um coração pedindo para amar,
implorando para viver livre e feliz,
gritando para ser salvo.
Salvar você é o mesmo que salvar o mundo
das dores que sonham felicidade.
E eu vou te salvar.
