Vejo rugas no olhar, feliz, mas vestindo... Raimundo Santana

Vejo rugas no olhar,
feliz, mas vestindo dor,
que soluça em silêncio,
chorando vergonha,
chicotada pelo medo feroz.
Vejo carícias roubadas,
em corpos marcados, contaminados,
sorriso largo, mas falso,
encostado no abismo sem defesa,
sem um muro, sem proteção.
Vejo o caos convivendo
no mesmo cálice com a saudade,
uma saudade esquecida,
que se perde na ausência da esperança.
A verdade arde,
e mesmo assim, resiste —
um amor cru,
feito de chagas e bravura,
sem medo de seus próprios fantasmas.