Crianças no Mundo Espiritual:... Marcelo Caetano Monteiro
Crianças no Mundo Espiritual: Perspectivas Éticas e Doutrinárias - Psicologia Espírita.
Autor: Marcelo Caetano Monteiro.
O estudo das crianças no mundo espiritual constitui um tema de elevada complexidade e relevância para a Doutrina Espírita, exigindo abordagem meticulosa e fundamentada nas obras basilares do Espiritismo. A seguir, apresentam-se os pontos centrais desse estudo, respaldados em fontes fidedignas e detalhando cada elemento indispensável à compreensão ética e filosófica da questão.
1. A existência das crianças no além
O Espiritismo, conforme Allan Kardec, ensina que o espírito sobrevive à morte do corpo físico e mantém suas aquisições intelectuais e morais provenientes de múltiplas existências. A questão fundamental é: a criança desencarnada mantém sua condição infantil ou readquire a maturidade anterior? Segundo o Codificador, nas questões 197, 198, 199, 346 e 347 de O Livro dos Espíritos, o Espírito da criança não é infantil por si mesmo, mas reflete experiências pregressas. Em particular, a questão 199-a esclarece que o Espírito de um bebê reinicia sua existência física após o desencarne, sendo inicialmente recolhido em instituições espirituais apropriadas para seu acolhimento e aprendizado.
2. Evolução moral e intelectual no além
O progresso do Espírito infantil no mundo espiritual depende de sua bagagem moral. Espíritos avançados retomam rapidamente a memória e a maturidade intelectual adquiridas em vidas anteriores, podendo orientar-se com facilidade. Espíritos ainda em evolução necessitam de períodos de aprendizado equivalentes ao desenvolvimento físico na Terra. André Luiz, em Entre a Terra e o Céu, e Cairbar Schutel, em A Vida no Outro Mundo, apresentam relatos consistentes de colônias e instituições dedicadas ao cuidado e ao ensino das crianças desencarnadas, confirmando a necessidade de uma adaptação gradual.
3. Evidências mediúnicas históricas
Contrariando alegações de inexistência de manifestações de Espíritos infantis, há registros claros nas obras de Allan Kardec, como na Revista Espírita (1859) e em O Céu e o Inferno (Cap. VIII, Parte II), onde o Espírito do menino Marcel comunica-se após sua morte. Precursores do Espiritismo, como Swedenborg, Louis Alphonse Cahagnet, Andrew Jackson Davis e Jean Reynaud, também registram relatos de crianças no além, recebidas em instituições espirituais e assistidas por tutores. Evocações recentes, psicografadas por Yvonne Pereira (Cânticos do Coração, Vol. II) e George Vale Owen (A Vida Além do Véu), corroboram a permanência da individualidade espiritual das crianças.
4. Aspectos éticos do cuidado espiritual
A Doutrina Espírita enfatiza que as crianças desencarnadas recebem assistência moral e educacional adaptada à sua idade e compreensão, evitando sofrimento desnecessário. Não há registros significativos de Espíritos infantis em regiões umbralinas, indicando que o amparo divino é prioritário para almas em estágio inicial de aprendizado. A ética espírita recomenda que se considere a condição moral do Espírito ao avaliar seu progresso, respeitando a individualidade e a dignidade da alma.
5. Casos paradigmáticos
Exemplos concretos de comunicação de crianças desencarnadas ilustram a realidade do mundo espiritual. O Espírito de Marcel, menino hospitalizado, demonstrou elevada paciência, resignação e inteligência antes de desencarnar (O Céu e o Inferno, Cap. VIII). Outra evocação notável, registrada na Revista Espírita de 1858, relata a comunicação da jovem Júlia com sua mãe, proporcionando conforto e esclarecimento quanto à continuidade da vida e à consolidação de valores morais no além. Estes relatos evidenciam que a morte não anula a personalidade nem as capacidades espirituais da criança.
6. Conclusão doutrinária e ética
A Doutrina Espírita apresenta de forma clara que: a criança desencarnada é um Espírito imortal, cuja condição infantil não define sua essência; sua evolução moral e intelectual prossegue no mundo espiritual; e a assistência a esses Espíritos deve ser pautada na ética, na paciência e no respeito à individualidade. O estudo detalhado e fundamentado das comunicações mediúnicas confirma a continuidade da vida e a necessidade de orientação espiritual, oferecendo conforto aos familiares e demonstrando a justiça e a providência divinas.
Fontes fidedignas consultadas
Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, questões 197, 198, 199, 346 e 347.
Allan Kardec, O Céu e o Inferno, Cap. VIII, Parte II.
Revista Espírita, Paris, 1858–1859.
André Luiz, Entre a Terra e o Céu.
Cairbar Schutel, A Vida no Outro Mundo.
Yvonne Pereira, Cânticos do Coração, Vol. II.
George Vale Owen, A Vida Além do Véu.
Swedenborg, Céus e Inferno.
Louis Alphonse Cahagnet, escritos espíritas.
Andrew Jackson Davis, The Principles of Nature.
Jean Reynaud, Terre et Ciel.
Este compêndio evidencia que a existência das crianças no mundo espiritual é uma realidade apoiada por ampla documentação histórica, mediúnica e doutrinária, fortalecendo a compreensão ética e filosófica da vida após a morte.
