Por um instante, domingo, que parecia... Micaelly Rodrigues

Por um instante, domingo,
que parecia qualquer outro,
pensei ter encontrado você de novo.
Você, com 26
eu, ainda presa nos meus 18,
naquela menina que nunca aprendeu
a te deixar completamente ir.


Era como se o tempo tivesse brincado comigo:
tirou você dos meus “e se”,
mas só por algumas horas,
só o suficiente
pra me lembrar
do quanto tudo ainda dói.


Você continuava igual:
o mesmo rosto que eu tentei esquecer,
a risada que ainda reconheço de longe,
o mesmo jeito respeitoso,
tão atento às pequenas coisas
que ninguém mais notaria em mim.


E eu senti um nó.
Porque te reencontrar
foi como abrir uma porta
que eu jurei que estava trancada.
Foi bonito.
Mas doeu.


Descobri que seus gostos não mudaram:
ainda ama gatos,
ainda joga no mesmo PS4,
ainda vive com sua mãe,
sua avó, sua irmã;
o mesmo cenário,
a mesma pessoa,
em uma parte da vida
onde eu já não existo mais.


Foi um prazer te rever,
mesmo que só por uma noite.
Uma noite que não deveria significar nada
mas significou tudo.
Como se seis anos tivessem passado,
mesmo não tendo passado nem dois
desde que você saiu da minha história.


Naquela noite,
eu conheci você de novo.
E foi tão real,
tão cruel,
tão profundamente meu
que parecia sonho.
Sonho que, por uma noite,
Um domingo,
A vida me permitiu sonhar acordada.