OLHAR DO TEMPO Não posso, e nem quero,... Israel Soler

OLHAR DO TEMPO
Não posso, e nem quero, olhar a vida alheia, muito menos julgá-la: afinal, também tenho meu teto de vidro!
Eu observo, isto sim, o tempo que corre velozmente e me expõe nu...
A fadiga que hoje me pesa nos ombros, eu a criei. E das sementes que plantei, busco regá-las. Mesmo que não colha os melhores frutos, estarei pronto para a colheita, no tempo certo!
O tempo é o próprio jogo da vida. Rebuscar o passado requer coragem, exige nobreza; é uma questão de honra!
Ensinaram-me valores tais que me perdi neles. Não por culpa de outrem, mas pela minha própria visão tacanha sobre o mundo.
Eu vivo as ilusões que me foram ensinadas e busco aperfeiçoá-las, de modo que tudo que vejo se torne belo. Não para mostrar aos outros o caminho da felicidade, mas para provar a mim mesmo que também erro quando falho em entender os porquês da vida!
Eu ouço o despertar do relógio, e são 6 horas...
Logo mais, ouço o badalar dos sinos, e são 18:00 horas. Comprazo-me com o tempo: ele foi ajeitado em compassos lentos nos ponteiros do relógio... mas a vida... a vida passa, dando sinais de que o tempo que me resta jaz confinado neste corpo. Um corpo pueril e condenado à dor; a dor que eu não queria sentir, mas que, por consequência das horas, se desfaz involuntariamente nas veladas marcas do tempo.
