Pela estrada No banco do carona, a... Moacir Luis Araldi

Pela estrada


No banco do carona,
a térmica na mateira,
o cheiro da erva úmida
preenchendo a manhã inteira.


No rádio, uma canção
regional - quase lembrança -
e a serra se abre lenta,
como estrada da infância.


Nuvens passam sem destino,
vento sopra sem razão,
e eu sigo esse caminho
desenhado na palma da mão.


Sou viajante sem parada,
estrada traçada no terreno.
Entre Deus e o horizonte,
me descubro tão pequeno.


Acendo as luzes - já é noite,
os reflexos brilham no chão;
a estrada fala em silêncio,
como quem decora os tachões.


Peço ao anjo que me guie
no escuro da madrugada,
porque a vida nunca espera:
segue sempre, sem parada.


Entre o céu e o horizonte,
sigo frágil, mas sigo bem:
sou viajante sem descanso,
e a vida dirige por mim.


Sempre há um recomeço
quando o dia chega ao fim.