Uma semana pós minha morte. meu... evelyn beatriz.

uma semana pós minha morte.
meu pai…se culparia pelo resto da vida. Pelos xingamentos ditos no calor da raiva, pelas palavras que ecoariam agora como facas na memória. Pelo silêncio que me sufocou tantas vezes, pelas dores que talvez nunca tenha percebido que me causava. Ela entraria no meu quarto e sentiria meu cheiro impregnado nos móveis, nas roupas ainda guardadas, nos detalhes que só um pai reconhece. As gavetas fechadas, os livros marcados, as fotos espalhadas
— tudo se tornaria lembrança e culpa.
E cada noite seria acompanhada por lágrimas e arrependimentos.

minha mãe…perderia o sentido da vida. Talvez passasse horas sentado na poltrona da sala, ent silêncio, encarando o nada. Talvez lembrasse das nossas conversas, do meu sorriso, dos pequenos gestos que agora seriam apenas memórias. Cada copo de café teria um gosto diferente, mais amargo. O peso da ausência se tornaria sua nova rotina.

meus avós…aqueles que tantas vezes me criticaram, guardariam em si o peso das palavras duras. Talvez chorassem escondido, talvez não admitissem em voz alta, mas no fundo saberiam: perderam tempo me julgando quando podiam ter me amado mais.

minha psicóloga…a que sempre acreditou em mim, se culparia por não ter conseguido me salvar. Pensaria nas nossas conversas, nos sorrisos que eu ainda conseguia dar mesmo quebrada por dentro, nas batalhas que travávamos juntas. Guardaria meu nome com carinho e dor, desejando ter tido tempo para me mostrar que a vida ainda valia a pena.

minha irmãzinha, a minha princesinha, ela pensaria que eu apenas estaria fora de casa, mais acharia estranho eu não voltar mais casa, ficaria confusa e curiosa com todos agindo diferente perto dela e ela perguntaria para todos cadê a “memi” dela, apenas uma garotinha inocente.

o meus irmãos, bom, eles entrariam no meu quarto olhando para ele vazio apenas o silêncio ecoando lá dentro com um silêncio absurdo, eles não teriam mais ngm pra pegar no pé, pra chamar atenção, mas eles ficariam pensando nos momentos que já tivemos juntos, bons e ruins… mas minha morte não iria fazer muita diferença.

minha irmã, ela ficaria sem reação alguma por ser dura, mas por dentro ela ficaria sem chão, ela iria pensa em todos nossos momentos únicos, bons e ruins… ela iria me procurar todo dia na esperança de me achar em algum lugar.

Meus tios, ficariam surpresos em sabe que a sobrinha mais sorridente e alegre não iria mais voltar, vão sentir falta da minha risada escandalosa.

minhas primas, ficariam sem chão, por não perceberem que sempre foram grossa e ignorantes, talvez chorariam, mais não fazeria muita falta pra elas.

Minha avó, ela ficaria em estado de choque.. pois sempre me viu alegre, sorridente… Ela com certeza sentiria minha falta, de me ver reclamar, dos momentos que tínhamos, de conversa das risadas, sentiria a falta de mais alguém irritando ela.

Porque uma semana após minha morte, eu ainda estaria ali — nas coisas, nos cheiros, nos móveis, nos silêncios, nos corações. Presente em tudo, menos em vida.

Porque uma semana após minha morte...
eu ainda estaria em cada canto, em cada lembrança, em cada lágrima derramada.
Mas o mais doloroso para todos seria perceber que eu não volto...
e que o tempo nunca mais trará o que fui.