O Chamado Silencioso do Teu Deserto... MARCELO CAETANO MONTEIRO
O Chamado Silencioso do Teu Deserto Interior.
— Um Diálogo que Te Desvela.
Apenas acende tochas no escuro das tuas próprias cavernas interiores.
Há um lugar dentro de ti que te parece profundamente secreto, quase interditado. Não porque seja sombrio, mas porque é verdadeiro demais. E a verdade tem o hábito de nos encarar de frente, sem ornamentos face to face, como dizem em inglês (frente a frente). É justamente por isso que tu o evitas: temes que ali se revele a tua audácia legítima, aquilo que há muito deixaste dormir sob o peso das expectativas, das reações alheias, das justificativas tão delicadamente construídas para te manter longe de ti mesmo.
Esse espaço é teu deserto interior não um vazio, mas um lugar onde nada distrai. Onde tudo o que existe és tu, sozinho com tuas inquietações, tuas contradições, teus desejos ainda sem nome. Por isso ele te abala. Porque aquilo que tentas sustentar externamente não resiste ao espelho desse silêncio.
Ha uma pergunta que não responde nada por ti:
Por que relutas tanto em entrar nesse deserto, se é justamente ali que guardaste o que te falta?
Não corro para te oferecer solução. Apenas deixo que a pergunta te toque como água na pedra suave, mas contínua.
Quando te aproximas desse território íntimo, começas a perceber que o temor que sentes não é pelo desconhecido…
é pelo que já sabes e finges não saber.
Então te pergunto:
O que exatamente temes encontrar ali que não toleras dizer em voz alta?
Talvez uma verdade antiga esperando pela tua coragem renovada.
Talvez uma dor que só precisa ser escutada, não temida.
Talvez um talento, um impulso criativo, uma força que te intimida porque te convoca a viver com mais autenticidade.
Se esse deserto fosse, na verdade, o lugar onde começa o teu caminho e não onde termina o teu fôlego como mudaria o que chamas hoje de dificuldade?
Percebes?
Não há imposição.
Só perguntas… aquelas que te devolvem a ti mesmo.
A jornada interior não é um chamado para fugir do mundo, mas para deixar de fugir de ti.
Quando te aproximas desse núcleo secreto, algo se realinha silenciosamente: o que te abala por dentro deixa de comandar o que mostras por fora.
E assim, pouco a pouco, vais descobrindo que a porta do deserto nunca esteve trancada.
Tu é que aprendeste a desviar o olhar.
Então te deixo com a última pergunta aquela que abre todas as outras:
Quando é que tu vais te permitir entrar no lugar onde finalmente podes ser inteiro?
Essa resposta…
só tu podes dar.
