JANELA. Daqui dá para ver o tempo.... Cássio Charles Borges
JANELA.
Daqui dá para ver o tempo.
Lembre-se que os momentos
Não são vividos em histórias
De duendes e fadas.
E que o tempo
Está nas memórias
Escritas e sem palavras.
Daqui de casa dá para ver
Uma nuvem em forma de gente.
Olhando pela janela a espera do futuro,
E pelo milagre a promessa,
Pois a verdade nunca mente.
Daqui vou ver o tempo.
Daqui vou ouvir o vento.
O céu estava azul, agora nublado,
Quem sabe poderá chover,
Não, o sol abriu as nuvens,
Com o seu jeito bravo.
O tempo vai passar,
O tempo vai melhorar,
Quem sabe amanhã o sol
Nasce; um dia sem sol,
Um sol disposto a amar.
Quem sabe a lágrima
Da chuva, uma gota vai molhar,
Toda esta terra, gente,
Toda esta serra, marrom.
Toda esta floresta, cinza.
Toda esta água, preta.
O tempo do tempo calor,
Não vai passar a dor.
Não vai nascer a flor.
Daqui consigo ouvir o vento.
Pela janela consigo ver o tempo.
Sem chuvas e com lágrimas.
O tempo é seco, o vento é seco.
Pela janela do meu quarto,
Eu vejo as palavras nubladas,
Escritas pelo tempo, quente.
E a janela não está fechada.
Autor: Cássio Charles Borges
