No Barril de Cerâmica William... William Contraponto
No Barril de Cerâmica
William Contraponto
É mais livre quem desapega,
para dizer o que pensa.
No palácio o pensamento se vende,
no barril de cerâmica não se rende.
A cidade adora coroas,
mas teme quem anda descalço.
O luxo brilha e apodrece,
a verdade mora no espaço escasso.
Quem tudo possui, é possuído,
quem nada tem, respira inteiro.
O ouro pesa mais que a alma,
e o desejo é um cativeiro.
O sábio dorme entre pedras,
mas sonha com clareza.
O tolo repousa em seda,
e acorda sem certeza.
É mais livre quem se basta,
quem não precisa fingir grandeza.
Entre o trono e o chão da praça,
fico com a nudez da natureza.
