Diário - 04/11/2025 Acordei bem às... Roberta Bastos Martins

Diário - 04/11/2025

Acordei bem às seis da manhã, mesmo tendo dormido poucas horas. A sensação era outra — leve, serena, como se algo dentro de mim tivesse mudado. Meus pensamentos estavam distantes, ansiando por novos planos. Ainda ecoavam em mim as palavras da entidade espiritual da noite anterior. Apesar de não ter recebido uma orientação concreta, senti que compreendi o essencial. E fui atrás disso: terapia. Dito e feito, consulta marcada para o dia 09/11.

Enquanto Mônica se arrumava para trabalhar, preparei o café para nós. Conversamos pouco sobre o que aconteceu na noite de ontem. Notei que ela também estava introspectiva — imaginei que refletia, como eu, sobre tudo o que vivemos.

Depois do café, organizei minha marmita, lavei a louça e dei uma geral na casa enquanto ela passeava com os cães. Fiz minhas orações, pedindo por renovação de energia e agradecendo silenciosamente por mais um dia. Me despedi dela e fui tomar meu banho.

Me arrumei apressada, como de costume. Tenho chegado mais tarde em casa e permanecido até mais tarde no trabalho, então o horário já não me pesa tanto. Mas as responsabilidades me esperam — sempre.

Cheguei quase às nove. Fui ao almoxarifado falar com Larissa e desejei um bom dia alegre. Ela, no entanto, estava com aquele humor oscilante que já conheço. Esperei um pouco, mas, sem resposta, voltei para minha sala. Lá estavam os jovens aprendizes e Tatiana — retribuíram meu bom dia com sorrisos e seguimos o ritmo da manhã.

Subi ao segundo andar para guardar minha marmita e encher minha garrafa d’água. Respirei fundo antes de retomar as tarefas. A manhã foi intensa, cheia de demandas difíceis, mas finalizei tudo com sabedoria e paciência. Senti gratidão por isso. Almocei cedo, às onze — gosto desse horário mais silencioso, sem cobranças nem conversas apressadas. Comer em paz se tornou meu pequeno ritual de autocuidado.

Depois, lavei minha louça, reabasteci a garrafa e conversei um pouco com os colegas — falamos de tudo: elevadores, campo, reforma da filial… pequenas distrações do cotidiano.

Mais tarde, desci novamente até Larissa. Mesmo semblante fechado, pouca conversa. Resolvi deixar quieto. Uma hora depois, porém, desci de novo, agora com um plano: cheguei de mansinho e… bu! — ela levou um susto e riu. Consegui arrancar um sorriso! Ganhei o dia. Mesmo que, minutos depois, ela voltasse àquela expressão distante. Pensei comigo: vai passar.

O expediente seguiu. Conversei com Tatiana sobre as linhas de ônibus, já que deixei o carro na oficina. Ela prontamente se ofereceu para me dar carona — neguei no início, por não querer atrapalhar, mas ela insistiu. Então fizemos um trato: ajudo na gasolina e levo uma marmita pra ela. Combinado. Fiquei sinceramente grata.

No fim do dia, voltei pra casa em paz. Encontrei minha mãe na varanda — o sorriso dela sempre me acolhe. Conversamos sobre a vida financeira, minha irmã, e as compras que ela anda fazendo sem pensar muito. Preferi só ouvir. Quando mamãe perguntou se, pagando o cartão, ainda daria pra quitar as contas, apenas assenti. Não queria alimentar a preocupação — nem deixar que o medo das dívidas voltasse a me assombrar. Mudei de assunto, tentando proteger meu equilíbrio.

No quarto, peguei minhas roupas e me lembrei da folha de Guiné que recebi da entidade. As palavras da entidade vieram à mente. Abri o chuveiro, mergulhei as folhas na água quente e, com fé, passei-as pelo corpo como se lavasse a alma. O cheiro de Guiné encheu o banheiro — era cura, era proteção, era abraço.
Rezei pedindo alívio, só isso: alívio.

Saí do banho leve, perfumada de Guiné. No espelho, notei as pequenas manchas de pigmentação no rosto — mais visíveis do que antes. Pensei: se for cura, que venha inteira; se for fé, que seja profunda.
Porque talvez o milagre não seja desaparecer as manchas, mas aprender a me ver com mais amor.

Fechei os olhos, respirei fundo e sussurrei: amém.