CARREGUEMOS A LUZ DA ESPERANÇA. Luz do... MARCELO CAETANO MONTEIRO

CARREGUEMOS A LUZ DA ESPERANÇA.

Luz do Evangelho e do Espiritismo.

“Combati o bom combate, terminei a corrida, guardei a fé.
Agora me está reservada a coroa da justiça, que o Senhor, justo Juiz, me dará naquele dia;
e não somente a mim, mas também a todos os que amam a sua vinda.”
2 Timóteo 4:7-8.

I. O Combate Interior e a Luta pela Luz.

Carregar a luz da esperança sobre o cotidiano é um dos maiores desafios da alma humana.
Essa luz não nasce pronta ela é acesa no íntimo, a partir das experiências, das quedas, e sobretudo, das pequenas vitórias silenciosas que travamos todos os dias contra o desânimo, o egoísmo e a dor.

Quando Paulo declara ter “combatido o bom combate”, ele não fala de guerras externas, mas do embate interior entre a sombra e o dever, entre o desalento e a fé.
O “bom combate” é o esforço de não desistir de ser bom, mesmo quando tudo convida ao contrário.
É seguir amando, ainda que o coração sangrante peça repouso.

Da mesma forma, nós espíritos em aprendizado também somos os infelizes de que fala a frase inicial.
Mas não infelizes sem rumo, e sim aprendizes em reparação, que carregam, dentro da própria dor, o gérmen da esperança e da redenção.

II. A Esperança: Chama que Transforma o Cotidiano.

O Espiritismo nos ensina que “fora da caridade não há salvação”, e poderíamos dizer também: fora da esperança não há sustentação.
A esperança é o combustível da alma, a centelha divina que impede o colapso moral diante das provas da vida.

Em O Evangelho segundo o Espiritismo (Cap. V, item 18), Allan Kardec recorda:

“O desânimo é uma falta, pois denota falta de fé em Deus e na providência divina.”

Carregar a luz da esperança, portanto, é uma forma de fé em movimento.
Não é otimismo ingênuo, mas coragem de prosseguir mesmo sem ver a estrada inteira.
Cada gesto de bondade, cada pensamento elevado, é uma faísca que se une à luz universal.

Por isso, quando o texto diz “não por Jesus que é luz, mas por luz em nossos corações”, é um convite à interiorização:
Jesus já é a plenitude da luz.
Mas nós precisamos acendê-la dentro de nós, até que a chama se confunda com a d’Ele e brilhe em favor da grande família humana, nos dois planos da vida.

III. Dedicação e Renúncia: Caminhos para Alhures.

O Espírito Emmanuel, em Caminho, Verdade e Vida (Cap. 36), afirma:

“Toda luz espiritual é fruto de sacrifício e renúncia.”

Amar verdadeiramente é renunciar a si mesmo em favor de algo maior.
Quando nos dedicamos ao bem, mesmo com lágrimas, estamos permutando a dor pela luz.
E essa renúncia é o que nos permite “permeiar alhures” alcançar regiões de paz interior, ainda que o corpo esteja no mundo.

Os que se consagram ao amor desinteressado irradiam claridade que ultrapassa a matéria.
São os que, sem se dizerem santos, consolam;
sem se dizerem sábios, compreendem;
sem se dizerem fortes, sustentam.
Essa é a verdadeira vitória espiritual: transformar o sofrimento em serviço, e a dor em doação.

IV. A Coroa da Justiça.

Paulo fala da “coroa da justiça” como recompensa aos que guardam a fé.
No sentido espiritual, essa coroa não é glória exterior, mas serenidade interior a consciência tranquila de quem fez o melhor que podia, com os recursos que tinha.
É a paz que nasce depois da tempestade moral, o repouso merecido do espírito que aprendeu a amar.

A Doutrina Espírita nos mostra que essa “coroa” é conquistada passo a passo, nas lutas do cotidiano.
Cada vez que perdoamos, quando poderíamos reagir;
cada vez que confiamos, quando tudo parece ruir;
cada vez que servimos, quando o ego quer descansar
ali está a coroa sendo tecida com fios invisíveis de luz e humildade.

A Esperança é Serviço e Continuação.

Carregar a luz da esperança não é fugir das sombras, mas iluminá-las.
É compreender que a vida, com suas dores e alegrias, é apenas um capítulo de uma história infinita.
O combate de hoje prepara o triunfo de amanhã.
A cruz de agora é o altar da libertação futura.

Sigamos, portanto, amando, dedicando-nos, renunciando
não por vanglória, mas por amor à luz.
Porque no dia em que cada coração humano se fizer lâmpada de esperança, o planeta inteiro se tornará o reflexo do Reino de Deus.

E quando enfim dissermos como Paulo:

“Combati o bom combate, terminei a corrida, guardei a fé”,
teremos compreendido que a coroa não está no além distante,
mas nas mãos que sustentamos,
nos corações que aliviamos,
e na esperança que, mesmo feridos, jamais deixamos apagar.

"A esperança é o último suspiro da dor transformando-se em canção."