Esse tal Senhor Tempo Ah, esse senhor... Tony Oliveira

Esse tal Senhor Tempo




Ah, esse senhor que não domamos. Esse tal senhor Tempo

Esse ser que não tocamos.

Esse alguém que simplesmente vem,

E passa por nós, sobre nós.




Um desconhecido que chega à meia-noite.

Sem aviso prévio. Um intruso.

Inflexível. Implacável. Invulnerável.

Era passado, fez-se presente e já é futuro.




Por que o tempo passa?

Mas se não passasse não seria tempo!

Seria um contratempo!




Por que não o contrário?

Nasceríamos velhos, ficaríamos crianças,

pequeninos, inocentes e morreríamos bebê,

Sem nada saber…




Sim, esse senhor parece voar,

como a águia, como o pensamento.

Parece intocável, como sonhar.

Vai em qualquer direção como o vento.




Começamos a morrer no segundo seguinte,

Logo que nascemos, dizem.

Que paradoxo. Que dicotomia. Que ironia.

Vir e partir. Nascer e perecer.




Em cada novo alvorecer,

Usando cada segundo desse tempo,

Ao meu Salvador quero engrandecer.

O Pão do Céu será meu alimento.




E como um vaso imperfeito,

Que o Oleiro faça em mim um novo advento.

E o ser que eu era seja refeito,

Mesmo diante do inexorável tempo.




E a cada novo amanhecer,

Quero anunciar de voz e de coração:

"Bendirei o Senhor o tempo todo!

Os meus lábios sempre o louvarão".