Diário de uma fibromiálgica 🖊️... Tatiane da Silva Santos -...

Diário de uma fibromiálgica 🖊️


Normalmente as dores começam lá pelas duas horas da madrugada. Elas começam um pouco tímidas, então ou vou me mexendo devagar na cama e até que consigo dormir um pouco mais, tentando não pensar nas pontadas que parecem vir de dentro do colchão.


Perto das cinco horas a dor fica insuportável e me obriga a levantar, porque eu já não consigo mais dormir.


Fico andando pela casa, faço alongamento e ligo a TV para assistir algo na esperança de esquecer a dor. Até que dá certo por alguns minutos.


Mas ela sempre me lembra: "Ainda estou aqui!". Isso faz com que eu ande mais pela casa e aumente os alongamentos. Sim, esses movimentos me ajudam. Acho que vou ter que me alongar por 24 horas.


Pentear o cabelo é trabalho árduo.


Vou insistindo e só assim consigo sair de casa para trabalhar, mas a dor vai comigo.


Percebo que no período da tarde me sinto um pouco melhor e consigo relaxar um pouco. E assim finalizo o meu dia, mas sempre pensando se o próximo será pior ou não.


Como sou muito persistente, não me dou por vencida. Essa dor não é mais forte que eu.


Percebi que o entretenimento me ajuda muito. Escrever, dançar, assistir a filmes e bater papo com os amigos são momentos que consigo relaxar bastante.


Eu já pensei muitas vezes: “Por que?”. E outras: “Mas não mata, poderia ser pior.” Eis a questão, ela não mata, mas maltrata todos os dias, é para sempre, é vitalícia como uma prisão perpétua. Eu, que planejei de viver até os 90, agora vou ter que viver com dor também até essa idade.


Para os que estão lendo esse texto: Não quero promover a fibromialgia, muito menos a minha dor, mas tenho necessidade de expressar o que sinto.


Penso que é algo que deve ser divulgado, especialmente porque há muita gente por aí que passa pela mesma situação que eu.


A fibromialgia mostrou sua verdadeira face pra mim há 3 meses. Eu sempre fui uma pessoa muito pensativa e reflexiva, mas tenho exercitado mais tudo isso nos momentos intensos de dor, já que é a única coisa que consigo fazer.


Acredito que todas as pessoas, de alguma forma, têm algum desafio na vida, e acho que esse será o meu maior desafio. Por outro lado, estou muito surpresa comigo, pois sinto que essa pessoa que sustenta esse corpo cansado está sendo muito forte e resiliente, o que poderia ter sido diferente.


Sou Frida, sou Fiona, sou Fênix.


Vida que segue!