⁠PARA VOCÊ QUE NUNCA VI, MORTO... Hidely_fratini

⁠PARA VOCÊ QUE NUNCA VI, MORTO DESCONHECIDO


Ouço os gritos da família em meus ouvidos...


... ... ...


Acenderam-se as luzes, pois se fez noite.
Mas o corpo que repousa, morto, na calçada
Não vê luz, não a sente e nem a toca.
A noite cristalizou-se no eterno
E as cores, longe de seu cérebro,
Esqueceram-se de voltar!


Arrepios...
Algo vaga pelo ar.
Eu bem sinto!
Mas onde está o ser que há minutos nos sorria?


Corpo é corpo...
Mas a alma, meu Deus – se ele existe –
Por onde anda?


Arrepios...
Algo vaga pelo ar.
Eu sinto!
Sinto?


A alma bateu à minha porta.
Atendi.
Penetrou-me um sopro
E passos invisíveis perderam-se no horizonte!


1975 (retornando da faculdade)