A vejo. Mesmo quando há paredes —... Mayck Angello
A vejo.
Mesmo quando há paredes — invisíveis, não estão lá —
eu as toco.
Mas ela está além.
A vejo.
De onde eu estiver,
Para onde eu olhar,
ela é presença intocável.
É reflexo que não sou eu,
é mais bonito,
mais radiante.
É ela.
A vejo como quem vê esperança,
como quem encontra farol na tempestade,
clareira na floresta densa,
lanterna acesa em minhas mãos trêmulas.
Ela é presente do além.
E eu, sem saber agradecer de joelhos,
me ponho diante da cama,
sem jeito nas palavras,
busco compreensão.
A vejo.
Além do que é dito,
além do que é mostrado.
Vejo no conflito,
na dúvida,
na dança entre luz e escuridão.
A vejo.
Mesmo quando me sinto pequeno,
impuro,
feito de falhas,
feito de sombras.
A vejo,
e me pergunto como pode
tamanha luz repousar sobre mim.
Há sentido nesse silencio.
Porque me guia,
mesmo sem mapa.
Me toca,
mesmo sem gesto.
Me revela,
mesmo sem palavra.
No olhar.
Sim. Vejo você.