O PREÇO DA EVOLUÇÃO Já faz algum... ANA CLÁUDIA OLIVER
O PREÇO DA EVOLUÇÃO
Já faz algum tempo que venho me observando com mais atenção. Nesse processo de autoanálise, aprendi algo valioso: o preço da evolução.
Como se diz popularmente, abri a caixa de Pandora.
A expressão vem do mito grego em que Pandora, a primeira mulher, recebeu uma jarra contendo todos os males da humanidade — como a doença, a guerra e a tristeza — e, por curiosidade, a abriu, liberando-os no mundo. Restou apenas a esperança no fundo da caixa.
É mais ou menos isso.
No grupo do qual faço parte, dizemos que “é olhar os pontos cegos, é acender a luz no quarto escuro”.
Um dos momentos mais reveladores foi entender meu padrão de funcionamento — onde estavam as manias, os repertórios e as marcas deixadas pela infância. Nosso corpo e nossa mente se adaptam da melhor forma possível para sobreviver. Afinal, era (e muitas vezes ainda é) sobre isso: sobreviver, apesar de tudo.
Ao longo desses dois anos, compreendi que todas as circunstâncias estão interligadas por decisões e ações — tomadas ou não.
Passamos a enxergar tudo com outros olhos.
Como costumamos dizer: com os óculos divergentes.
Hoje, perceber os acontecimentos e entendê-los antes que se tornem complexos demais para resolver é simplesmente extraordinário.
Recentemente, identifiquei um ponto cego.
Quando somos crianças, precisamos de proteção, de um ambiente acolhedor e seguro, onde nossa integridade e nosso intelecto possam se desenvolver sem dependências emocionais.
Mas percebi algo doloroso: a pessoa de quem eu esperava proteção eu tinha medo… medo pela minha própria sobrevivência.
E isso é profundamente problemático na formação de uma criança.
Ela quer desesperadamente ser abraçada, acolhida, acalentada — mas teme, porque justamente quem deveria protegê-la é também quem desperta medo.
Então o corpo deseja o toque, o carinho, o amparo… mas a mente reage com defesa.
Sentimentos confusos, bagunçados, onde se ama e se teme a mesma pessoa com a mesma intensidade. E o que acontece na vida adulta? Transferimos esse padrão para nossos relacionamentos.
Quando começamos a nos envolver com alguém, por mais que o corpo queira se entregar, a mente grita:
“Cuidado! Vão te deixar. Vão te trair.”
A entrega, que deveria ser leve, se torna um campo de batalha entre corpo e mente. O corpo diz: “Vai, confia”. A mente responde: “Não vai, não confia.”
Dias atrás, vi uma publicação de um psicanalista que explicava isso cientificamente — e fez todo sentido.
Ele falava sobre a linguagem biológica das emoções.
Quando estamos felizes, nosso corpo produz quatro neurotransmissores principais:
*Endorfina, que alivia dor e estresse.
*Serotonina, que traz satisfação e bem-estar.
*Dopamina, que motiva e gera prazer.
*Oxitocina, o hormônio do amor e do afeto.
Essas substâncias são como mensageiros do corpo e da alma — regulam humor, sono, apetite e emoções.
Mas quando sentimos medo, entra em cena outro sistema:
O corpo libera adrenalina, preparando-nos para lutar ou fugir, e cortisol, o hormônio do estresse.
Curiosamente, também pode haver liberação de oxitocina, para promover conexão em meio ao medo.
E quando sentimos alegria e, no segundo seguinte, medo ou raiva da mesma situação?
Nosso corpo entra em confusão. É uma mistura química intensa — luta, fuga e euforia coexistindo.
Ah… esse tal de autoconhecimento!
É revelador, libertador e, ao mesmo tempo, desafiador.
Como disse no início, é abrir a caixa de Pandora — e ter maturidade para limpar os próprios núcleos emocionais.
É ter as conversas necessárias para recuperar a autonomia de viver uma vida plena, feliz e em progresso. É retirar as travas que nos impedem de seguir.
Costumamos dizer: plano, preço, pagamento e resultado inevitável.
Eu decidi pagar o preço de limpar meus núcleos.
E sei que o resultado será excelente — porque é inevitável.
Afinal, tudo muda quando alguma coisa muda!
Albert Einstein disse:
“A mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original.”
Essa frase me toca profundamente. Ela nos lembra que a expansão é irreversível. Ao absorver uma nova perspectiva, nossa mente se transforma — e não há como voltar atrás. Estar aberto ao aprendizado é o que impulsiona o crescimento e a inovação. Cada nova ideia nos convida a ver o mundo por outro ângulo. E, depois disso, nunca mais seremos os mesmos. Agora, com uma nova visão sobre as circunstâncias, só me resta viver conforme dizemos por aqui:
-Vai pra vida. Ela te espera!
Ana Cláudia Oliver-09/10/2025