O Compromisso do Palestrante Espírita... Marcelo Caetano Monteiro
O Compromisso do Palestrante Espírita com a Codificação.
No movimento espírita, a tarefa de palestrar ou conduzir estudos não é simples exposição de ideias pessoais, mas responsabilidade diante da Doutrina. Allan Kardec, em suas obras e na Revista Espírita, advertiu contra a leviandade e a superficialidade, lembrando que a verdade espírita deve ser transmitida com fidelidade, critério e zelo.
1. Falar sem estudar: risco de desvirtuar.
O palestrante que se coloca à frente sem a base da Codificação corre o risco de distorcer os princípios espíritas. Ao invés de esclarecer, pode confundir; ao invés de instruir, pode semear equívocos. Kardec lembrava que a Doutrina não é propriedade individual, e sim fruto de observação metódica, análise crítica e consenso universal dos Espíritos. Alterá-la por ignorância ou vaidade é comprometer sua seriedade.
2. A Doutrina não é opinião pessoal.
A tribuna espírita não é espaço para impressões, crenças particulares ou filosofias estranhas. O expositor que mistura ideias alheias à Codificação sem deixá-las claramente delimitadas incorre em grave irresponsabilidade. Kardec, ao analisar comunicações, rejeitava tudo o que não se coadunasse com os princípios estabelecidos. O mesmo deve fazer o palestrante: discernir, filtrar, estudar antes de falar.
3. Exemplo e compromisso moral.
O público que busca uma palestra espírita procura esclarecimento e consolo fundamentados na Doutrina. Transmitir mensagens sem preparo não apenas fere a seriedade do Espiritismo, mas também compromete a confiança daqueles que chegam fragilizados, necessitando da verdade libertadora. O expositor tem, portanto, um duplo dever: estudar a Codificação e esforçar-se em vivenciá-la, para que suas palavras tenham coerência com sua conduta.
4. Estudo contínuo: o dever do trabalhador espírita.
Ninguém nasce preparado. Todo expositor deve reconhecer-se aprendiz constante, retornando sempre a O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, O Evangelho segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno e A Gênese. É nesse alicerce que se ergue a tribuna espírita, e não em frases soltas ou interpretações superficiais.
Conclusão:
Allan Kardec foi firme: a Doutrina deve ser preservada com clareza, união e fidelidade. O palestrante espírita que fala sem estudar a Codificação assume grave responsabilidade, pois responde diante da própria consciência e perante Deus pelas ideias que transmite.
“Mais vale repelir dez verdades do que admitir uma única falsidade, uma só teoria errônea.”
(Revista Espírita, abril de 1864, “Observações sobre as dissertações espíritas”).
A tribuna espírita é lugar de esclarecer e edificar, jamais de improvisar ou propagar incertezas. O verdadeiro compromisso do expositor é com a fidelidade doutrinária e com o bem coletivo, para que o Espiritismo siga sendo luz de renovação moral e intelectual.