ENGRENAGEM Sou o que resta quando tudo... jeronimocesarina
ENGRENAGEM
Sou o que resta quando tudo se consome,
O nome que ninguém lembra, mas que assina.
Sou o tempo que não tem dono nem fome,
A máquina que gira, mas não caminha.
Me moldam conforme a demanda do dia,
Me usam até que eu perca o sentido.
Sou função, não sou alma, nem poesia,
Sou silêncio num sistema ruído.
Não há prêmio no esforço contínuo,
Nem descanso no suor que se espalha.
Só há ordem, tarefa e domínio,
E um corpo que nunca se falha.
Mas sigo, porque parar é morrer,
E viver é apenas obedecer.
Jerónimo Cesarina