Sinfonia do amor desmedido de verão Ó... matheushruiz

Sinfonia do amor desmedido de verão


Ó paixão, incêndio vasto, desatino!
Tremor da alma, furor do coração,
Ibaiti celeste, azul divino,
polo do mundo, trono da emoção.


Em ti, luz nua, pura, incorpórea,
traço do eterno, mão do arquiteto,
ó sol radioso, lira ilusória,
inebriando o meu ser inquieto.


Este amor — desmedido, infinito,
ergue-se além do tempo e da razão;
ao vento entrega-se, feito mito,
transforma rascunho em oração.


Cada verso meu, destino selado,
procura-te, sombra em claridade;
em tua ausência, o peito dilacerado,
em tua presença, nasce eternidade.


Folia que invade, poesia que inflama,
saudade que é bênção, dor que consola;
melhor que a solidão fria, sem chama,
é ser refém da estrela que me acolha.


Tu, sorriso que carrega o verão,
quente alvorada de melodia;
teu rosto é flor, perfume, oração,
na natureza, és pura harmonia.


Eis que pergunto: existe o amor?
Ou é quimera, sopro, relâmpago vão?
Mas no teu lume, ó doce esplendor,
reconheci da vida a perfeição.


Porém, faltou-nos coragem sincera:
eu temi o abismo, tu o mundo;
justiça não houve, só a espera
deste silêncio profundo, profundo.