Trapézio No palco vazio da minha... Zaylê
Trapézio
No palco vazio da minha memória
um sopro acendeu teu nome no ar
era só ensaio, mas virou história
um tropeço da alma querendo cantar.
Te mandei um áudio, foi quase oração,
palavras nuas, sem máscaras, sem véu,
teu silêncio virou multidão
meu peito virou carrossel.
E eu danço sozinha no circo da vida,
meu coração é trapézio sem rede.
Se não me seguras, não é despedida,
é voo de quem já não teme a queda.
Tua resposta foi espelho quebrado,
metade verdade, metade invenção,
um truque barato de ator ensaiado
pra esconder do público a contradição.
Mas eu não sou plateia perdida,
nem boneca esperando aplauso.
Eu sou corda bamba erguida,
sou estrela cadente que risca o espaço.
E eu danço sozinha no circo da vida,
meu coração é trapézio sem rede.
Se não me seguras, não é despedida,
é voo de quem já não teme a queda.
Entre palhaços, luzes e cortinas,
aprendi que a solidão é camarim.
E quem não sabe ler suas próprias linhas
não pode escrever um final em mim.
Hoje desamarro as fitas do destino,
não carrego amarras, nem cordéis.
Se um dia tua alma buscar o caminho,
vai me encontrar voando em outros papéis.