A vida é curta A vida não é bela... Rogerio Pacheco

A vida é curta


A vida não é bela porque resiste,
mas porque se despede.
A beleza nasce no fim,
na certeza de que cada instante
é um sopro único,
um lume breve
contra a eternidade.


Ela vale porque é curta,
porque nos obriga a gastar o coração
sem economias,
a sentir com excesso,
a errar sem medo,
a celebrar cada milagre miúdo
que se esconde nos dias comuns.


É um banquete de instantes,
servido com a urgência do agora,
um convite para sermos inteiros
antes que o silêncio chegue.


E quando enfim chega a hora
de deixá-la ir,
não é perda, não é falha
é apenas o desfecho natural
do espetáculo.


Pois não importa o destino,
importa a travessia.
Não é o porquê,
mas o como.


E quando tudo escorrega das mãos,
quando nada mais depende de nós,
é tempo de soltar as rédeas,
permitir que o destino conduza,
e apenas contemplar, em assombro sereno,
o milagre silencioso
que é viver.