Religião: A Prisão Invisível do... Guellor Gastón Manuel

Religião: A Prisão Invisível do Espírito Africano

A religião tornou-se, para muitos africanos, uma prisão social e mental — uma das mais engenhosas ferramentas de controle psicológico já criadas pela mente humana. Trata-se de uma estrutura altamente organizada, perpetuada de geração em geração, que se infiltrou profundamente no tecido espiritual do continente africano.

Supostamente concebida para conectar o homem ao divino, a religião transformou-se em uma máquina de manipulação. As nações que dominam o mundo transcenderam os limites dessa ferramenta e passaram a usá-la como instrumento de poder, fazendo-se de "Deus" diante dos povos. Cada religião traça um caminho diferente, mas todas afirmam levar ao mesmo destino — enquanto vivem em profunda discordância umas com as outras. Essa contradição destrói o verdadeiro sentido da adoração.

As principais religiões do mundo nasceram da dúvida, do ceticismo, das divisões internas e da fragmentação de conceitos outrora universais. No processo, os africanos perderam sua soberania espiritual, abandonaram suas raízes, suas crenças e a sabedoria ancestral. A religião se opôs às nossas culturas, negou a nossa essência e nos forçou a adorar o "deus do opressor".

Abençoaram a colonização. Abençoam as guerras. Conflitos de interesses são hoje interpretados como profecias. Sacrifícios se tornaram justificáveis para manter domínios, criar impérios ou sustentar a própria existência. "Nação se levantará contra nação", dizem — como se o fim fosse bíblico. Mas esse fim é, na verdade, o reflexo direto dos conflitos que a própria religião ajudou a instaurar.

O que é o fim, senão o momento em que uma criança vê seus pais tombarem sob balas perdidas, sua casa virar cinzas, sua cidade se tornar ruínas, seu bairro infestado de corpos sem vida? Tomam suas terras e dizem que foi vontade divina.

Matam, torturam, violam direitos humanos — tudo em nome da fé. Justificam o mal com supostas doutrinas do bem. E esses mesmos atos continuam a vigorar sobre a Terra até hoje.

Nossos mais velhos esgotaram suas forças em busca de uma salvação prometida. Trabalharam pelo "Reino dos Céus", mas herdaram pobreza e fome como recompensa. Sofrem. E hoje, muitos apenas esperam — esperam que, um dia, esse Reino finalmente chegue.





Todos nós carregamos perdas e tristezas — seja pela inocência, seja por escolhas equivocadas. Sonhos se despedaçam ao longo do caminho, dando lugar a novas metas e ambições. Reconstruir o coração é dar a si mesmo a chance de recomeçar, de lutar outra vez. Cada um viveu dores únicas, e a verdadeira empatia está em respeitar as diferenças e as escolhas de cada um.