À meia-noite, soaram as doze badaladas... Maria Riber

À meia-noite, soaram as doze badaladas que marcaram o fim e o princípio. Era o prenúncio de uma metamorfose, como se eu houvesse rasgado a pele do que fui, para... Frase de Maria Riber.

À meia-noite, soaram as doze badaladas que marcaram o fim e o princípio.
Era o prenúncio de uma metamorfose, como se eu houvesse rasgado a pele do que fui, para respirar, enfim, em um corpo que me coubesse.

Lancei âncora em minha própria mente, mergulhei fundo no que antes deixei inacabado.
E com Deus indo à frente, como vento que abre caminho no mar, sei que nada será impossível.

O futuro brilha no horizonte como uma estrela que arde, mas levo o passado comigo como quem carrega cartas antigas no bolso, com saudade e gratidão.
Ninguém entende. E tudo bem.
Há coisas que nascem só para serem sentidas.

Meu espírito, antes contido, agora voa.
E não pedirá mais licença para falar.
Ele habitará minha carne como fogo habita a chama,
sem se apagar.
Porque há uma verdade dentro de mim que não veio de mim,
mas que, mesmo assim, me escolheu como casa.

Minha missão não é gritar por ela,
mas viver de um jeito que o mundo a escute.

Não é delírio, é despertar.
Como se, depois de tanto adormecida, a vontade gritasse em mim;
forte, urgente, viva.
E dissesse:
Caminha.
Não estarei sozinha.
Nunca estive.
Agora é marco.
Agora é passo.
Agora é fogo no peito e fé no chão.
Agora, enfim,
eu caminho.⁠