Um espelho se quebra no escuro,... Monalisa Ogliari

Um espelho se quebra no escuro, apenas os átomos presenciaram o colapso. Simbologicamente, todo o universo é formado por átomos, que se reorganizam a cada desintegração.
Palavras são facas que cortam o silêncio de maneira irremediável. Textos são mísseis direcionados ao interlocutor.
O som de uma memória que nunca aconteceu se assemelha a gotas pingando de uma torneira que não existe.
Às vezes a alma se cansa e se aconchega em nosso colo, cujo único afago possível é o silêncio das palavras que nunca brotaram, mas escreveram um livro de memórias caladas.
Um relógio quebrado paralisa o tempo como o silêncio joga xadrez com as constelações.
Extacolia é um neologismo que mistura êxtase com melancolia. Ela se encontrava em um estado de extacolia e não sabia definir o que sentia.
O invisível tem o peso de uma pluma deslizando suavemente dos céus à terra, sem pressa de chegar, até porque ninguém veria.
No meio de uma casa abandonada havia um ninho de passarinho. Em vez de ovos, havia uma semente resistente, com sede de vida, que cresceria rompendo o telhado e se formaria como um imponente pinheiro. Todos os dias era Natal.
O inconsciente humano é um profundo oceano desconhecido, como a noite escura que absurda os corações aflitos, que não podem comer estrelas.
Se a linguagem fosse um corpo ela seria as mãos, esculpindo um ser humano capaz de pronunciar o silêncio das pessoas angustiadas com o grito histérico dos desesperados.