Se essa minha velha amiga, a lembrança,... Tiago Scheimann

Se essa minha velha amiga, a lembrança, não me procura, talvez seja porque anda ocupada demais consolando saudades que gritam mais alto que as minhas, ou, quem sabe, reabrindo dores que o tempo tentou em vão enterrar. Pode ser que esteja vagando por corações mais frágeis, atravessando noites insones onde os fantasmas ainda têm nome e endereço. Não a culpo por seu sumiço, há memórias que demandam mais urgência do que as minhas, há histórias que ainda imploram por algum desfecho. E tudo bem. Aprendi a conviver com a ausência dela como quem se adapta à mudança das estações, aceitando o frio que permanece quando ela parte, e suportando o calor sufocante de sua presença quando decide voltar, sempre sem pedir licença, sempre com os bolsos cheios de passado.