⁠⁠Anti-Soneto da Fidelidade De nada,... Raul B. Ardeiga

⁠⁠Anti-Soneto da Fidelidade De nada, ao meu tédio serei atento – Antes, e sem zelo, e nunca, e tão pouco, Que mesmo em seu abraço, em seu fogo louco, Me farei c... Frase de Raul B. Ardeiga.

⁠⁠Anti-Soneto da Fidelidade

De nada, ao meu tédio serei atento –
Antes, e sem zelo, e nunca, e tão pouco,
Que mesmo em seu abraço, em seu fogo louco,
Me farei cinza dispersa no vento.

E quando, enfim, me for (resto de resto),
Cuspindo à paz alheia minha náusea,
É porque o amor nunca existiu – e a fome
De nada me devora, cruel e ácida.

Tudo, o peso podre da memória,
Me dissolverá. Farei meu corpo escombro.
E então a entregarei à minha queda,
Que será, em segundos, esquecimento.

Sempre, ao nada, sempre e em fim: o que não tem.

(Inspirado no "Soneto da Fidelidade" de Vinícius de Moraes)