Carrego em meus ombros um peso que... Monalisa Ogliari

Carrego em meus ombros um peso que curva minha postura. Um cansaço na alma que há quem escute. Os dedos dos meus pés são tortos como as árvores do cerrado, carga genética, ancestral. Meu coração certamente é feito de metal, única explicação para aguentar tanta dor. Abandone os meus versos se sua linguagem delicada não encarna a dor. Não mentirei e não direi que tenho mãos delicadas que a ti se oferecem. Minhas mãos são pesadas como meus versos. E meu pulmão sofre a ação do tempo viciado. Meu corpo é largo, encorpado, como se mostrasse o tamanho da minha dor. Ninguém entenderia, eu sei. Acusariam-me de vítimas também é eu já não posso chorar. Preciso encarar a vida sem lágrimas, porque um dia sucede ao outro. Eu não fui feita para o amor. Todo o meu corpo é minha alma é feita do pó da paciência. E apesar de tudo meu cérebro segue um mantra de um dia tudo será melhor. Oh Pandora, que guardou a esperança. Sigo meu destino traçado nas linhas de minha mão e já é tarde para falsear que a vida me arde, como uma febre. Espero que um dia a brisa me leve.