Tenho escrito tanta coisa. Tantos... Verso Errante

Tenho escrito tanta coisa.
Tantos textos tristes.
Sobre o que perdi, o que estou perdendo, e o que ainda vou perder.
Às vezes me pego achando que estou me tornando um escritor.
Cheio de ideias.
Um cientista da dor.
Alguém que entende o peso das palavras e os silêncios entre elas.
Penso que talvez eu esteja ficando mais inteligente.
Mais lúcido.
Mais capaz de observar o mundo com uma clareza que antes me faltava.
Mas, no fundo, o que mais vejo — o que mais sinto —
é a minha tristeza.
Ela está em tudo que escrevo.
Mesmo quando tento falar de outra coisa, ela escorre pelas entrelinhas.
Como se fosse a única coisa que realmente não me abandona.
E é estranho isso:
transformar dor em frase,
solidão em parágrafo,
falta em ponto final.