📘 Diário Público Oficial —... Aline Caira

📘 Diário Público Oficial — Aline Caira Gomes
Data: 01 de julho de 2025
Hoje amanhecemos sob a bênção e a paz de Deus. Acordei cedo, em tranquilidade, e me dirigi até o Empório Vamaste, localizado próximo ao nosso apartamento, para buscar nosso café da manhã. Ao retornar, despertei minha filha com carinho para que compartilhássemos o desjejum, repleto das guloseimas que ela tanto ama.
Ela está em merecido descanso, curtindo suas férias escolares. Em períodos letivos, nossos dias começam às 5h da manhã, portanto, agora aproveitamos a oportunidade para desacelerar e cuidar de nós.
Após o café da manhã, realizamos algumas tarefas básicas do dia a dia e nos preparamos para buscar as marmitas que nos ajudam a manter a alimentação organizada e acessível. Saímos do condomínio de forma leve, sorrindo e conversando, mas a atmosfera mudou repentinamente: avistamos meu irmão à distância.
Confesso que fui tomada por um misto de surpresa e desconforto. Diante de tudo o que vivenciamos — minha filha e eu, sozinhas, enfrentando inúmeras dificuldades —, hoje minha escolha é clara: preservação. Não desejo mais vínculos com aqueles que, no momento em que precisei de amparo familiar, escolheram o egoísmo, a exploração e a ausência.
Durante um longo período, clamei por união. Insisti em manter o que chamávamos de “família”, oferecendo ajuda, realizando compras, providenciando alimentos, cuidando de todos. E mesmo assim, minha filha e eu nunca fomos suficientes. O afeto e a convivência sincera nunca pareceram bastar.
Acreditava que, ao menos, meu irmão pudesse representar um elo possível de recomeço. Mas a vida, com sua lucidez cruel, me mostrou que esse laço também não se sustenta. Por isso, reafirmo: sigo meu caminho ao lado da única pessoa que sempre esteve comigo — minha filha.
Não busco invadir a vida de ninguém, tampouco interfiro em seus caminhos. Assim como enfrento nossas adversidades com dignidade e silêncio, espero que respeitem minha decisão de me afastar.
Não desejo que minha filha cresça envolta em padrões de convivência familiar marcados por desrespeito, gritos, violência e hipocrisia. Cresci em meio a isso e compreendi, com o tempo, que não pertenço a esse ciclo. Meu pai, Naurives Antônio Gomes, após seu falecimento, deixou rastros de verdades que antes eu não conseguia enxergar.
Hoje compreendo. Há famílias que não compartilham amor, apenas disputas, e o ambiente familiar se torna palco de atuações — onde, em público, vestem máscaras e, em privado, vivem em constante conflito.
Tentei, lutei, insisti. Mas há batalhas que, quando se percebe o sangue escorrendo da própria mão, é hora de soltar o martelo e se afastar do prego.
Deus me livrou. E por isso sigo com fé, com amor e com a plena convicção de que estou construindo, com minha filha, uma nova história. Sem ruídos, sem abusos, sem o peso de um passado que não nos serve mais.
“Amar, eu os amo. Mas entre o amor e a paz, escolho a paz.”
Prefiro a serenidade de viver em harmonia do que insistir em amar uma família em constante conflito — uma família que não valoriza nem reconhece o amor que tenho para oferecer.
Essa é a mais pura e cristalina verdade.
Deus, em Sua infinita sabedoria, tudo vê e tudo sabe. Nada está oculto aos Seus olhos. Ele conhece os corações, as intenções e as dores silenciosas que muitos insistem em ignorar.
No fim, é Ele quem julga, quem consola e quem faz justiça.