X Sou sonho de barro, disfarce, a... Saulo Nascimentto

X
Sou sonho de barro, disfarce,
a perder-se no traço sem forma.
Luz que não turva à sombra,
abismo, sem trono — aurora.
Lavei as mãos num rio sem nascente;
a cruz não pesa quando feita de névoa.
Não há dor na carne que aceita,
nem medo onde o fogo se entrega.
No coração do fogo não há queima,
tampouco centelha a aviltar.
Quem nada reteve, acendeu o ouro,
não fogo em palha a brasar.
Vejo a prata nascer da cinza imóvel,
fênix que arde num voo sem cruz,
sem dor, sem retorno nem em vão.
É fogo ou ouro ou luz?