MENTE SUICIDA. Fixação pelo fim.... Lcr

MENTE SUICIDA.
Fixação pelo fim.
Tudo acontecia de repente, era como um céu ensolarado que do nada começa a chover, assim eram as crises aterrorizantes. Antes de virar pó por dentro, gritava, chorava, tentava desabafar e se estressar absurdamente por coisas sem motivos, depois começou a se esconder do mundo, a falar menos, a sorrir menos, mas tudo bem lentamente, quase que em câmera lenta. Sorria e dizia estar tudo bem, ninguém reparou naquele sorriso, ele pedia socorro. O silêncio aguçava ainda mais o barulho ensurdecedor que consumia sua mente, mente que não parava de falar. Agora, anos mais tarde, já não se estressa como antes, não sai mais como antes, não sorrir mais como antes. Escreve pra não esquecer de si mesmo. Não pôde escapa das armadilhas da mente e foi presa sem correntes em uma prisão sem paredes e sem grades. Ultimamente, diferente dos outros dias, não existem mais forças, esperanças, fé. Não se enxerga mais nada diante dos olhos, nada que tenha cor, nada que faça sentido, que motive ir além. A sensação é que não existe nada, tudo foi consumido pela dor, pela angústia, pelo desespero de saber cada vez menos sobre si, não saber do que gosta, o que quer ter e ser. Aos poucos foi se afastando de todos para fugir de questionamentos, se afastou de tudo, até mesmo do espelho. A angústia de não se sentir, transformou-lhe no que é hoje, um ser vazio por dentro e por fora. E é aterrorizante sentir necessidades fisiológicas e não se sentir viva. Hoje é rorobotizada , tudo o que faz, é programado desde o básico ao mais complexo, sua mais relevante tarefa diária é não escutar a própria mente e permanecer aqui tentando chegar ao fim do dia, todos os dias.