Por todo este tempo, eu vivi...... Ítalo do Couto Ferreira

Por todo este tempo, eu vivi... respirei, caminhei, cumpri os dias como quem atravessa paisagens sem se deter nelas. Estive presente, mas não inteiro. Fiz o que se esperava, sorri quando era preciso, calei o que gritava por dentro. E, ainda assim, algo sempre faltava.
Agora entendo: eu vivi, sim… mas nunca tive uma vida que fosse verdadeiramente minha. Nunca abracei meus próprios desejos sem medo. Nunca me permiti ser, apenas ser, sem me moldar ao olhar dos outros.
Talvez, só agora, ao reconhecer essa ausência, eu comece a construir o que é meu... um caminho onde viver não seja apenas existir, mas pertencer a mim mesmo. E nisso, finalmente, pode nascer uma vida.