Não é mais a febre que nos consome,... Walacy silva duarte

Não é mais a febre que nos consome,
aquela urgência dos primeiros dias,
o fogo que ardia sem pedir licença.
Não, o que temos agora é mais profundo,
uma raiz que se espalhou pela terra da alma,
invisível aos olhos apressados,
mas forte, nutrindo a vida que construímos juntos.
É o silêncio cúmplice no fim do dia,
o toque suave que acalma a tempestade interna,
o olhar que reconhece a história escrita em nossas peles.
É saber que a paixão, aquela faísca inicial,
transformou-se em brasa constante,
um calor que não queima, mas aquece,
que ilumina os cantos escuros do medo e da dúvida.
Atravessamos desertos e oceanos,
não ilesos, mas inteiros,
porque nossa mão não soltou a outra.
As marcas do tempo são testemunhas
de um amor que escolheu ficar,
que aprendeu a dançar na chuva
e a encontrar beleza na imperfeição.
Este amor não grita aos quatro ventos,
ele sussurra na calma do cotidiano,
na certeza serena de um porto seguro.
É a força tranquila que nos sustenta,
o fio invisível e inquebrável
que tece nossos dias, um após o outro,
numa tapeçaria de afeto e respeito.
Um amor que respira, que vive,
para além da chama fugaz,
eterno em sua essência duradoura.