đż â A Voz que Canta no Meio do Mundo... Miguel Habib mazzarelli

đż â A Voz que Canta no Meio do Mundo
O vento que passa, ninguĂ©m vĂȘ,
mas ele toca todos â do morro ao asfalto.
"Eu sei que vou te amar" â diz Elis,
e a dor de amar e de viver
Ă© a mesma em cada rua, cada esquina,
onde a lĂĄgrima Ă© a mesma para o pobre e o rico.
E Ă© nas noites frias, nos becos escondidos,
que o samba floresce como um grito,
feito de mãos calejadas e coraçÔes partidos,
como se a mĂșsica fosse a Ășnica coisa que nos unisse.
"Apesar de vocĂȘ, amanhĂŁ hĂĄ de ser outro dia" â
Ă© o grito de quem se levanta depois da queda,
daqueles que nĂŁo tĂȘm mais nada, mas tĂȘm fĂ©.
Caetano olha o céu, o Brasil que dança e chora,
e suas palavras sĂŁo um espelho do povo:
"Alguma coisa acontece no meu coraçãoâŠ"
Ă o ritmo do povo que nunca morre,
que nunca se cansa de esperar, de sonhar, de cantar.
E enquanto as ruas gritam, Gil se perde na luz da lua,
seu violĂŁo ecoa para todos os cantos,
como um convite para quem tem fome de vida:
"Andar com fĂ© eu vouâŠ"
e ele sabe, com a certeza dos grandes,
que a fé não tem classe, nem cor,
a fé é a revolução que brota nos coraçÔes.
Cazuza, com seu fogo e sua dor,
nĂŁo se rende Ă dor de ser esquecido:
"Eu vejo o futuro repetir o passadoâŠ"
mas ele grita contra a repetição,
contra o que limita e cala a voz de quem tem algo a dizer.
A dor é universal, mas a revolução também é.
Milton, com seu olhar sereno,
leva a canção como quem leva a esperança:
"Quem sabe isso quer dizer amorâŠ"
E o amor não tem preço, nem medida.
Ele Ă© o alimento para o corpo, para a alma,
para aqueles que lutam para sobreviver e para aqueles que tĂȘm tudo,
mas ainda assim, sentem falta de algo.
A mĂșsica Ă© o que une, o que nĂŁo separa.
Ela nĂŁo escolhe classe, nĂŁo escolhe cor,
nĂŁo escolhe quem ama, nem quem chora.
"O nosso amor a gente inventa" â
e com isso, criamos um novo caminho.
E a cada passo, a cada nota, a cada verso,
somos todos iguais:
seres humanos, plenos em nossa dor,
mas também em nossa capacidade infinita de amar.