Ofício da Alma Com o esquadro,... Raphael Mouro

Ofício da Alma
Com o esquadro, alinho meus passos,
Para que a retidão me conduza além.
Cada gesto medido, sem embaraços,
Na busca constante de ser mais alguém.
O compasso traça o meu limite,
Me ensina a razão e o equilíbrio fiel.
Não vou tão longe que perca o convite
De olhar para dentro e tocar o céu.
Na régua de vinte e quatro partes,
Divido meu tempo com sabedoria:
Trabalho, descanso e obras de arte
Que moldam meu ser com harmonia.
O maço firme, em punho fechado,
É força que rompe o que é imperfeito.
Mas só com o cinzel, no detalhe traçado,
O bruto revela o traço direito.
A alavanca ergue o que parecia pesar,
Com apoio, esforço e intenção.
Mostra que sempre é possível mudar
Quando há propósito no coração.
A linha de prumo me faz lembrar
Que a verdade sustenta o que é erguido.
Não posso na sombra me ocultar
Se quero um destino bem construído.
Por fim, sigo como eterno aprendiz,
Com ferramentas na alma e nas mãos.
Lapido o ser, em busca da raiz
Que une razão, amor e irmãos.