Soneto da Alma Serena E então o amor... Walysson Carvalho
Soneto da Alma Serena
E então o amor se fez real, como nunca,
Que sem seu manual, me abre, me manca.
E se vem, é bruma, cada vez que sua tranca
Se tem e se traça, com suas vertes brancas.
Ela se separa e se ajunta, de tanto amar a mim com boa ventura.
Quase o céu lembra sua figura, de tanto pensar em beleza.
Quase em mim o véu forma a solidez
De que a sutileza se fez azul — natureza,
E com grande certeza, minha riqueza.
Como uma ditadura em meu peito, a incerteza.
Hei de sempre lembrar a ti: o quanto a pintura é mistura
De amor, arte e conjuntura.
E quando te deparei nua, quis ir de encontro à lua,
Buscando ali a cura, para a doçura
Que nunca vi a sentir: ternura.
E de tantos poemas impressos, somente este hei de escrever sem mudar nada.
Que de tanto que estou de encontro à m'alma,
Escrevi somente uma vez, pra minha serena.
E juro, que em plena luz do dia,
Não há nada além de tudo, me adorna
Que me faça sempre amar-te mais, como única.
E de tanto sofrer, o amor ali termina,
Que parece que a qualquer dia,
A flor à luz de velas se queima, contagia,
Se torna florida a nobreza de uma delicadeza suave — cordura.
E de tanto ler poema, há de descobrir eternamente o que é o amor, presuma.