⁠Sobre a mesa Quantas coisas queria... Olga Lago

⁠Sobre a mesa Quantas coisas queria fazer e travo. Paralisada por algo que não consigo entender, caio no ditado popular “quem muito pensa, pouco faz”. São tanta... Frase de Olga Lago.

⁠Sobre a mesa

Quantas coisas queria fazer e travo. Paralisada por algo que não consigo entender, caio no ditado popular “quem muito pensa, pouco faz”. São tantas coisas dentro de mim que me faltam mãos, pernas, braços e o principal, atitude. Gosto de ficar sozinha e ter os meus momentos, mas gosto muito mais de compartilhar à minha alegria e as minhas experiências, gosto de fazer parte da vida de outra pessoa. Há quem goste e prefere ser só, e não vejo problema nisso. Mas qual será o meu motivo de buscar ter um par, um companheiro, um confidente, um braço de apoio?

Livros modernos de auto ajuda alertam! Faça por você, acorde cedo, faça exercício, beba três litros de água, sempre tenha em mente que precisa ser um para poder fazer parte de dois. As frases clichês que são espalhadas ao vento, inclusive por mim, me fazem pensar ainda mais o quanto a graça de ser companheiro de alguém deixou tudo isso mais complicado. A cada dia que passa a lista de exigências para você ser parte de um casal esta mais extensa e para se encaixar nela você precisa de disciplina e tempo. Esse tempo vai passando, dias, semanas, anos, e quanto mais passa, mais difícil fica de se moldar a um perfil para esse quebra-cabeças. A tua própria lista também vai ficando longa, pois você tem muitas habilidades e conquistas e não vai ser qualquer um que vai merecer ser o teu par. Gosto muito de uma música que pergunta na canção, “Quem é que tem coragem de ser o que é? quem tem a coragem de falar de amor?” Esta tudo tão difícil que muitas das relações são tão moldadas que acabam por nem serem de verdade. Onde a entrega do corpo tem sido mais importante que a entrega da alma.

Você casado, consegue ser de verdade para a sua metade, sem amarras e com todas as suas versões? Seu par permaneceria do seu lado se soubesse de tudo que tu já fez ou tem vontade de fazer? Quantas vezes você deixa de ser você para ter um outro que não te aceita na totalidade?
Como um cachorro que se parece com seu dono, o casal pende a ser mais parecido com uma das partes, nada contra isso, mas quem não esta disposto a ser moldado por alguém, tem dificuldade de ceder tão facilmente ou fica na espera por um ser que se encaixe naturalmente a sua linda singularidade, o esperar por esse alguém pode se tornar longo e cansativo. Bom mesmo era antes, na adolescência, que o nível de exigência era menor e as possibilidades menos escassas, o felizes para sempre não parecia tão distante.
Quando o poeta diz que não devemos perder nossa criança interior, ele não esta dizendo para sermos imaturos ou irresponsáveis, mas que possamos enxergar a vida e a essência do próximo sem os padrões da vida adulta, sem a opinião alheia e os julgamentos dos críticos de plantão, é para se aceitarem cada qual com a sua natureza, qualidades, experiências, defeitos e fraquezas.

Esses dias encontrei um amigo que me perguntou, “E tu Olga o que quer, o que tu busca?” Como minha imaginação é fértil, maliciosa e sagaz, lembrei de um vídeo do Porta dos Fundos intitulado “sobre a mesa” e pensei: - O que eu quero Mario Alberto… ri por dentro, mas a vontade não era de falar as falas dela que por sinal são engraçadas e bagaceiras, muitas até nem seriam má ideia, mas o meu objetivo é outro, o meu discurso não seria aquele, quem sabe colocarei aqui na sequencia… Mas titubeei, falei o trivial, busco e pretendo ter alguém, mas não sei, tem que ver, sei lá, parece difícil.
Lembrando de tudo que estava pensando nos últimos dias, no que escrevi e como me senti quando questionada, prometo que se me perguntarem da próxima vez, vou tentar responder de forma sussinta: Quero que a entrega seja verdadeira na sua totalidade e que mesmo não sendo perfeito, seja o que realmente um busca no outro para ficar e viver em paz.

Olga Lago