⁠Certa vez enquanto corria pela praça... Wellington Rodrigues

⁠Certa vez enquanto corria pela praça da cidade, na busca de desviar os pensamentos, acalmar os ânimos, fugir da rotina e cuidar do corpo; observando todas as pessoas pelas quais passei e as pessoas que por mim passaram. Vi casais de namorados, irmãos, grupos de amigos, senhoras conversando na calçada, um pensamento veio à tona: qual significado das pessoas que por nossa vida passam? E quando somos nós? O que de bom deixamos?
As respostas para essas perguntas talvez nunca sejam respondidas, não completamente, pelo menos, mas me faz refletir sobre a conexão de energias; são únicas. As pessoas que encontramos na balada, nas festas e bares, por exemplo, podemos até não lembrar de seus rostos no dia seguinte, podemos esquecer seus nomes depois de uns dias, e a sensação que essas companhias de uma noite deixam em nós é que nada tem a acrescentarem. A procura por alguém que se conecte conosco continua.
Nas noites que saímos em busca de diversão, saímos não só a procura de uma distração para o corpo, mas o coração em seus profundos sentimentos tem esperança de encontrar uma energia parecida com a que o faz pulsar, que estimule todas as suas reações químicas e biológicas e que faça seus impulsos elétricos disparar o nível de nossos batimentos, e os planos parecem falhos quando o que temos é apenas um sexo casual, essas pessoas que passam por nós, deixam o ensinamento de que nunca podemos esperar demais de quem nos enxerga como um produto que pode ser usado. Jamais voltamos a ser o que éramos, e a busca por se conectar com alguém que não use o nosso corpo, mas que desfrute do momento, continua.
Buscamos conexão nos interesses, nas perspectivas, nos pensamentos, quando nos conectamos com alguém, quando conhecemos alguém que se torna especial, que mesmo a distância deixa saudades, quando não dá notícias, sentimos falta daquele bom dia, da conversa até tarde, das músicas apaixonadas compartilhadas, as energias manifestam-se em nosso cérebro produzindo hormônios que caracterizam nossos sentimentos, entre eles o amor que toma conta do nosso corpo através da ocitocina.
Quando nos conectamos com alguém, aquele sorriso permanece gravado em nossa memória, podemos estar num mal humor danado, o dia pode não ter fluído bem, o momento pode não parecer oportuno e podemos pensar que tudo está contra nós, mas quando vemos aquele alguém, cuja nossa energia se conecta e faz nossa respiração ofegar, logo torna tudo tênue, o dia não parece mais tão terrível, a nossa memória afetiva daquele momento deixa tudo leve, como se todos os fatores que deram errado tivessem conspirado até aquele momento para dar certo, e aquele sorriso, aquele maldito sorriso nos leva a crer que nada foi tão ruim. Aquele abraço nos faz perder as horas e queremos continuar acariciados naqueles braços ouvindo aquelas palavras reconfortantes de como foi bom nos ver.,
A busca pela conexão exerce em nós o papel da auto aceitação, não negligenciarmos a nós mesmos recebendo menos do que merecemos com relações rasas que nos depreciam, não podemos ser a opção de final de festa, ou a segunda opção de alguém que está carente, a busca pela conexão é encontrar uma energia em que o nosso interior se sinta calmo quando abraçado, que nosso corpo entre em êxtase quando tocado e que tão somente os dois distantes, separados por umas centenas de quilômetros tenham respeito um pelo outro, conectados e leiais as suas convicções, ao que sentem um pelo outro, sinceros e puros com os sentimentos alheios, que devemos ter cuidado.
Quando as energias se encontram conectadas, é sinal de que ambos estão dispostos a seguir. Não se preocupar com as incertezas futuras é natural, pois sabe-se que um está em defesa do outro, que passarão pelo que vier juntos, pois as energias são compartilhadas, o que afeta um, acaba afetando a todos, pois no amor, as relações que ocorrem são intensas, emotivas e devem ser levadas em consideração sempre, a conexão é a certeza de que em meio as intempéries que acontecem os dois podem passar juntos por qualquer situação.