Sangue Pútrido Sangue que percorre... Rodrigo A. Silva

Sangue Pútrido

Sangue que percorre minhas artérias
Por quanto tempo andarás por este corpo distorcido?

Quando não estiver mais em minhas entranhas
Causarás dor à minha querida parentela?

Sangue que flui em meus capilares,
O que fazes além de transportar substâncias vitais?

Saber que secar-me de ti trará minha libertação
Deixa-me imperturbado

Vejo olhares mórbidos
Não obstante, vejo olhares famintos por Deus sabe lá o quê

Por toda as partes, há seres buscando uma vida melhor
Cansados da rotina inflamável

O sangue já está a faltar no meu coração
Intensa dor vem-me bem nos átrios
Que já estão, demasiadamente, desgastados pela ansiedade

Infecção na alma deixa-me suscetível à morte
Porta de entrada para tormentos em longa escala

Sinto o sangue escorrer de minhas extremidades
Inspiro o odor característico da podridão
Será que trago comigo devaneios de uma pura solidão?

Termino esta escrita pedindo a Deus
Para que afaste de minha inútil presença
Anjos caídos que estão prontos para declarar minha sentença

Rodrigo A. Silva