Florescem na primavera cubana várias... Anna Flávia Schmitt Wyse...

Florescem na primavera cubana várias flores,

Flores de matizes multicores,

Florescidas estão o ano todo as flores brancas,

Mães, Avós, Sobrinhas, Primas, Irmãs, Esposas e Filhas,

Mulheres de corações partidos,

Prisioneiras da liberdade de consciência,

Pedindo a anistia para que pedaço de seus

corações lhe sejam devolvidos,

Pais, Avôs, Maridos, Sobrinhos, Primos, Esposos e Filhos,

Para que as multicores de suas vidas que lhe

foram desaparecidas sejam libertadas e entregues

ainda com vida e ainda em vida.

Ainda que sejam Damas de Branco,

Flores de uma primavera e todos os amores,

Florescidas em liberdade e na tristeza desconsideradas,

Por um coração que nunca se permitiu abrir a porta para

a primavera e se inundar pelas emoções mais estreladas,

Talvez ele se esqueceu que foi Filho, Primo, Sobrinho e até

mesmo que é esposo,

E que o espírito feminino não vive sem carinho e longe

do seu amor a vida se transforma em total desgosto,

Espero que ele não tente mais deturpar, e não transforme em

suspeito e suposto, que a alma feminina que marcha de branco

não seja feita de outra coisa a não ser de amor.

Florescem as cicatrizes expostas: da distância, da cama vazia,

do espaço vago durante as refeições, das reuniões familiares

aos domingos, da falta do colo do Pai depois de uma febre,

da mocinha esperando pelo Pai na saída de um baile,

da irmã que está sem o irmão para confidenciar,

da mulher que está sem o ombro do marido para apoiar a cabeça,

da Mãe que está longe do filho para a cabeça em

seu colo repousar,

da presença masculina que faz falta

eu um lar...

Existem uns e outros que são capazes de duvidar,

Mas a essência da liberdade é feminina,

Ela é sagaz, penetrante e altiva,

Chegará um momento que ninguém mais conseguirá sufocar,

Ela chegará carinhosa, em passos de salsa e irá reinar,

Chegará num amanhecer - e para sempre há de ficar!...