Monotonia! Monotonia, dor incômoda e... José Renato

Monotonia!

Monotonia, dor incômoda e persistente
Sintoma normal do virtualismo insaciável.
Envelhecemos e os mortos se rejuvenescem,
Sem imaginação perdemos a insensatez poética.

O poeta procura ser apenas um anarquista sincero.
Os lógicos procuram contê-los em seus silogismos
Débeis como os chapeleiros que medem cabeças ocas
Não podem habitar os céus dos visionário lunáticos.

Enfadonho claustro dos incessantes cálculos mentais.
Andar por aí, assobiar, cantarolar, esfregar as mãos,
Para os sensatos são atos menores sem causa explicável
Fico com os insensatos que são felizes nas coisas inúteis.

O Poeta é um louco que perdeu tudo, exceto a razão
Ele não importa que o mundo negue seu mundo
Ele não oferece argumentos, o que são premissas?
Ele deposita seus versos no esparramo que é a vida!

O poeta é livre, olha, vê, sente e cria, mata o tédio.
A visão lógica tem o cristalino opaco, cataratas, ranhuras
Estrelas são apenas pontos desconexos na escuridão.
Livrai os poetas de toda lucidez mórbida, Monotonia!

O poeta somente na desordem se sente bem, mergulha
Até nas ruas do paraíso estará descontente, quer viver
Poesia e amor não são ângulos retos, insensibilidade
Precisa experimentar todas as atrações da irrealidade.

Extravagante, ensina a arte da indisciplina do amor
Com ar de desprezo, excita todas as neuroses, amem
Interroga o sentido da vida sem temer o ridículo, ri
Palavras e versos sem emoção= obituários!