Como amante do frio, nada eclética e... Valéria Teixeira dos Santos

Como amante do frio, nada eclética e exageradamente exagerada, hoje seria um daqueles dias em que gostaria de ultrapassar meus limites. Seja em falar além do que já falo, andar de bicicleta num bosque onde o verdejar viesse todos a me cumprimentar, num gesto de inclinação nos momentos de ventos mais fortes, sentir a brisa acariciando suavemente minha face... tudo isso sob aquele sol radiante, que com toda sua majestade te convida a dar um mergulho no mar. Ah... que bom seria poder mergulhar naquela água azul e morna. Suavemente emergiria sobre a água e sentiria o sal retirando de mim toda impureza do corpo. O que mais me encanta nos mergulhos em praias, é a sensação de bem estar que não se restringe apenas ao corpo, ela penetra e te purifica a alma. Que alívio sentiria neste momento! Neste mesmo instante, abriria as malas das mágoas, tristezas, insatisfações, doenças que cativei... deixaria também a mala dos sonos em excesso. Quanto tempo perdido! Poderia ter amado mais; mergulhado em águas frias, mornas, tremendamente geladas... andaria mais de bicicleta, daria menos importância à algumas amizades e teria ido de encontro a tantas outras que por um motivo ou outro, foram se afastando. À tardinha, chamaria alguns amigos com suas namoradas e namorados, meus filhos, nora, neto e iríamos ao Espetto Carioca do Park Shopping, aqui de Campo Grande. Que lugar aconchegante!!! Pediríamos todo tipo de bebidas, petiscos... posso contemplar as gargalhadas alucinadas depois de algumas bestagens que uns e outros soltariam, com certeza. As lembranças de quando mais jovens, nos levariam a quase engasgar de tanto sorrir. Os músicos já estariam em seus postos e trariam em seu repertório músicas antigas que nos remeteriam, mais uma vez, a um passado pouco distante, mas que nos deixaram marcas como: os cabelos grisalhos; alguns códigos de barra em torno dos lábios; os pés de galinha que persistem em sorrir junto com a gente; nos joelhos que já impedem que levantemos as pernas como dantes, mas que mesmo assim, nos levariam ao meio do restaurante para dançarmos ao som do ontem, que estava logo alí, mas passou. Como tudo passa. Passou até mesmo toda a doce quimera que seria se hoje tivesse mesmo aquele radiante sol.