Utopia da realidade Sufocado pelas... Álvaro de Azevedo

Utopia da realidade

Sufocado pelas páginas do livro que nunca li, estou eu aqui! Preso nesta insuportável empatia…

Que posso fazer? Como me livrar de algo que não consigo sentir nem ver?

Não posso ouvir! Porém faço a mim mesmo a tortura ensurdecedora...

Não posso ver! Mas meus olhos se rendem ao medo… as imagens das páginas viradas, e ao sofrimento do vazio.

Não posso sentir… mas minha pele arde como se queimada com fogo!

E o cheiro, doce… putrefato… destruindo minha mente e meu corpo.

Não consigo mais viver na morte, mas o que posso fazer? O livro já tem um título… uma história... como não há o que ler?

Talvez porque a mente, em sua perfeição destrutiva, sempre desejando a utopia, reflete a degradação da aceitação que não existe! E sobra apenas agonia.

Nunca houve livro, nunca houve história, porém sempre houve a mente!

Buscou tudo de mim, tirou e revirou a vida, e enquanto buscava, a doença passava... mortífera e macabra.

Sedimentou meu tato, cegou meus olhos, matou minha sede, minha fome… tapou meus ouvidos. Agora o calor dessa história já não sinto...

Sinto apenas meu pensamento, torturando minha mente e dizendo: “esse livro não existe, o que existe são sentimentos”.