O ponto de vista e a pluralidade dos... Patrícia Regina de Souza

O ponto de vista e a pluralidade dos seres

Às vezes, o ruim é apenas questão de ponto de vista, pois o ângulo para o qual olhamos pode ocultar o que não queremos ver... Temos que compreender que nada é total, as situações não são todas por completo, mas são vários detalhes de um todo...
As alegrias são incompletas porque são estampas coloridas que obscurecem os espaços preto e branco que, no momento da felicidade, parecem não existir, mas existem... Nós é que tapamos os olhos para não enxergá-los e manchar de pontos negros as nossas alegrias...
As tristezas são focos que não nos deixam ver as estampas coloridas das alegrias que, por mais que brilhem, não são enxergadas quando o nosso olhar insiste em permanecer em detalhes tristes que parecem ser o único foco no qual o nosso olhar deve pousar...
O ponto de vista é o olhar sobre um ponto... Nenhum ponto existe sem outros pontos, o que muda é o nosso foco, é o lugar para o qual resolvemos olhar que nos toca de maneira positiva ou não...
Por isso que o olhar de quem sabe enxergar é poético porque traz beleza ao que é simples e ao que parece sofrido... Os olhos são a janela dos sonhos ou da desilusão, são eles que veem as realidades que querem ver e não as que realmente existem... Cada ser tem em si uma essência própria, baseada em suas experiências, que o faz olhar para a vida com seus próprios óculos.
O ponto de vista dos olhares é a maior caixa de surpresa que existe dentro de um ser humano, ele muda... Muda em um segundo, em um minuto e em anos, mas a essência do ponto de vista e do que foi olhado permanece em cada um como um tesouro com pequenas proporções de experiências e grandes marcas que marcam e constroem o ser, pois se tornam parte dele.
As nossas formas de olhar dão vida ao ser de cada um, o ser único que, por olhar diferente para as mesmas coisas, é singular no plural... Singular no plural de olhares, plural nos pontos de vistas e único no mundo. Por isso, completo e, ao mesmo tempo, incompleto porque, assim como um ponto não existe só, ninguém se constrói sozinho, somos um ponto no meio de vários e somos frutos de vários desses pontos.
Somos um grão no mundo, mas uma partícula fundamental para sua essência. Somos apenas um ponto de vista, mas, por ele ser mutável, temos em nosso olhar a possibilidade de uma multiplicidade de pontos e é isso o que nos faz tão importantes, como cada estrela que no céu brilha e como cada experiência única de olhar para o mundo, sob um ponto de vista que é a essência de nosso modo de olhar, de enxergar, de ver e perceber o mundo... Nosso modo de ver que é a tessitura do “eu” e que dá vida a cada ser... Somos essência em vida, somos poesia em versos e nossos olhares são uma das várias distâncias entre a nossa essência e a dos outros!