" Eis que a solidão diz: - Ei... Antonio Gabriel Mascarenhas

" Eis que a solidão diz:
- Ei você... Não cansa de mim não?
Respondo com uma voz calorosa e alegre:
- Por que me cansaria de você?
Indignada, responde:
- Estou cansada de você conversando comigo... Entendo que você não tenha ninguém para conversa, mas tenha dó... Eu quero ficar
um pouco só.
Sutilmente digo:
- Me perdoe cara amiga, eu tenho só você... Me perdoe...
Com uma voz meio tremula ela responde:
- Te perdoa? Jamais! Você não fez mal algum a mim, eu que tenho que te pedir perdão, fui muito rude... Mas, entenda minha situação, todos que eu tento conversar logo me abandonam falando que só faço mal. Mas você... Você me entende e me quer por perto, é frustante não saber o motivo...
Com uma expressão meio triste permaneço em silencio..
Então a solidão perturbada com o silencio diz:
- Eiii, fale alguma coisa, por favor...
Eis que digo por fim:
- Solidão, após muitos anos de convivência contigo, entendo que não é você que procura as pessoas... Te procuramos, pois não sabemos mais o que fazer, então, quando eu te procurei eu soube que era você que eu precisava para seguir em frente, sempre foi você quem se dispôs a me ouvir, nenhuma outra alma viva se deu ao trabalho de fazer este papel... Então solidão, serei eternamente grato por esta amizade... Me perdoe se eu excedo os limites, mas ainda não sei identificar quais são eles... Sendo assim, espero que nossa amizade seja longa e duradoura baseada apenas na pura e sincera verdade de ambos!
A solidão se põe estranhamente em silencio durante alguns longos minutos e diz:
- Serei totalmente sua, se for totalmente meu... Isto é uma promessa!
Sem exitar com uma voz calma digo:
- Feito! "