Pouco tempo para viver. Há quem... Marinho Guzman

Pouco tempo para viver.

Há quem confunda qualidade de vida com a disponibilidade dos bens e da tecnologia, que despertam em nós o espírito consumista que pode nos transformar em acumuladores e escravos dos nossos desejos.
A mola propulsora da economia é sem dúvida a produção e o consumo.
Ocorre que se você sucumbir ou for atropelado pelo desejo, tão logo ele seja realizado você perde o interesse ou ele se transforma em obrigação.
A transformação da simplicidade da vida num objetivo difícil de ser atingido e com satisfação pouco duradora que não justifica tanto esforço, pode tomar da gente tanto tempo com o trabalho para gerar recursos, que sobra menos tempo do que seria desejável para atividades mais prazerosas.
As classes menos favorecidas não têm sequer a opção de escolha. Há quem use três horas diárias para ir e vir do trabalho, oito horas para trabalhar e oito horas para o descanso, essa pessoa terá cinco horas ou menos por dia para outras atividades e isso é um sexto do dia, o que a grosso modo significará onze anos num lapso de setenta.
Pouco tempo para viver.