Muitas coisas obscurecem a realidade,... Ingrid Gabriele

Muitas coisas obscurecem a realidade, só não queremos ver, nem percebemos o que está acontecendo, sem querer ignoramos e acabamos contribuindo para que o pior aconteça.
Não suportar a ideia de sempre decepcionar as pessoas, à fazia ficar perdida. Sofrimento é a palavra!
Seu corpo acaba servindo como "saco de pancadas", as cicatrizes tomam conta da sua pele, pequenos caminhos que escondem toda a tristeza e angústia que vem de dentro da sua alma, se ferir, se manter consciente, suportar até que o alívio interno seja superado com a extrema dor externa.
Mente linda, frágil ou até brilhante, para aqueles que conheceram-na de verdade, poucos quiseram isso, na verdade quase ninguém, mas existiu alguém, mesmo que tenha abandonado-a, existiu alguém antes de tudo virar tanto faz. Marcada por rancor e dor, corpo danificado. Alma ferida, essa sem cicatrização.
E como sempre, as pessoas causadoras de tamanha dor, causadoras de tudo, achavam que poderiam se iludir com a ridícula possibilidade de se viver bem e feliz com todo aquele tormento causado por eles na vida daquela garota.
Atitudes duras e rígidas para consigo. Ela não conseguia mais sentir, não sentia mais nada além de dor e vontade de sentir mais e mais dor, muito mais... Ela queria acabar com isso, com tudo.
Se engana quem pensa que ela nunca teve vontade de parar. Sim, ela teve sim! Mas quem disse ser fácil? Quando se é emocionante e afetivamente solitária é ainda mais complexo. O que ela não teve foi alguém para incentiva-la. O lado dela que clamava por vida, era ofuscado pelos berros de "BASTA!" que seu outro lado mais revoltado e cansado fazia questão de repetir cada vez mais alto e claro.
Tortura causada a sí, um ponto, ela queria pôr um fim, um final não feliz.
A falta de opção, o convencimento de que a morte iria acabar com tudo que já deveria ser acabado à deixava cega, ela não via, não queria, não pensava em mais nada além de pensamentos suicidas. Se ao invés de se convencer que o suicídio era a única saída ela tivesse alguém, alguém que a entendesse, alguém para conversar, apenas contar da sua vida de tormentas seguidas, alguém para exalar confiança, para se mostrar disposto a precisar e também fazer companhia a ela, tudo o que ela tanto precisava e talvez também quisesse. Ela poderia se dar conta de que tudo podia mudar, de que aquilo não a fazia bem e não era a melhor das escolhas, se alguém abrisse seus olhos, levantasse sua cabeça, limpasse suas lágrimas e dissesse: — Calma, estou ao seu lado e não vou sair. Quero ver seu bem e quero estar do seu lado em toda e qualquer circunstância, não desista. — Talvez só o "Calma, não desista", mas já ajudaria muito.
Poderia ser quem fosse, ela não desistiria de lutar se tivesse alguém pra lutar com ela. Mas isso de alguma forma poderia à assustar, ser tratada bem, ver que era importante para alguém, dividir o fardo que ela carregou a vida inteira sozinha, ver que sua história e dor o comovia, e que isso fosse uma coisa sentida não só por ela, mas também com ela.
Ela pisaria na bola, iria errar, não saberia como agir, nem iria saber se portar diante dessa pessoa e muito menos em relação a ela, mas iria ser um incentivo a mais na sua mísera vida.
A pergunta mais frequente que sua mente já te fez foi: "E se não valer tanto a pena?". Pergunta que se aplicaria nessa situação também, iria deixar de ser só um susto se acabasse como tudo de bom que já não existia mais na vida dela, pois acabou de uma maneira que a deixou pior, ela não sabia lhe dar com perdas. Iria piora-la e tudo voltaria com mais força e seria mais um novo motivo na sua longa lista. Mas e se não fosse? E se não acabasse? Se não fosse... O alguém que viera dar sentido a sua vida, iria notar que era daquela persistência, insistência e paciência que ela tanto necessitava e que a necessidade dela por ele, seria aquilo que o faria mais completo. Se não acabasse... Iria ser ótimo, ela teria uma vida, vida de verdade. Afinal, ser tratada como princesa não era coisa comum, não seria fácil para ambos, mas seria prazeroso, isso era evidente.
A vida dela teria começo, meio, vírgulas, dois pontos, exclamações, pontos parágrafo, interrogações, pontos continuando, reticências e, aí sim, um ponto final. Enfim um final digno e bem terminado, com pessoas ou uma pessoa pra contar sua luta e história, fazendo jus ao teu nome, transformando-a em alguém, alguém que mesmo depois da morte seria importante para outras pessoas, um exemplo de superação e força... E não foi bem assim.

Ela não tinha ninguém por ela, ninguém com ela pra lutar com ela, ninguém pra chamar de seu, seguido de anjo, como eu hoje tenho. Mas seja como for, seu nome está sendo reconhecido em algum lugar, não de forma e nem maneira certa, mas está. Pode servir para muitas como eu, como exemplo para não seguirmos esse mesmo caminho, não cometermos os mesmos erros de desistência e acabar dando um fim forçado no que ainda há muito a se acontecer. Erro que por sinal não vou cometer, por ver o exemplo, não querer acabar igual e encontrar meu anjo a tempo.



Esse é para todas as suicidas que não conseguiram a luz e viram a desistência como melhor caminho, por não ter forças nem porquê lutar.