O amor e o tempo A noite começou na... Siger Lagel

O amor e o tempo

A noite começou na estrada,
Carros, luzes, músicas, ansiedade.
Mãos se tocando, olhares se cruzando,
A vida parecia estar no piloto automático.

O tempo do relógio não significava nada,
O tempo válido era aquele, era o que importava,
Era o que estava sendo vivido, que foi sonhado.
E o tempo passou,
E com ele, carros, luzes, estradas, músicas...

O lugar já não era o mesmo,
O perfume, as luzes, o aconchego, a sombra,
Tudo mudou, menos a vontade de amar,
Que só fez aumentar,
Parecia querer explodir o coração e a alma.

A noite estava começando novamente,
E com ela dois corpos, duas almas, dois corações,
Era o que existia para aquela noite.
Desajeitados, sem saber por onde começar,
Sem saber o quanto amar, como se pudesse medir.

Encontraram-se, descobriram-se, amaram-se...
Amor sem medidas, sem medos, sem tempo contado,
Corpos suados, cheiros, sabores, peles, olhos, bocas,
Tudo se misturou numa receita inédita e perfeita,
Felicidade, paixão, desejos e vontades,
Foram servidos com a naturalidade que o amor permite.

Entre ofegância e exaustão, êxtases e desmaios,
A noite avançou, o amor se fortaleceu,
E o tempo novamente passou, o sol chegou,
Passou depressa, como se tivesse acabado de começar,
Deixando corpos quebrados, esgotados, quase inválidos,
Mas os corações fortes, felizes e cheios de vida.

O sonho se concretizou e não serviu para acalmar,
Ao contrário, como é típico do amor,
Alimentou outros sonhos, desejos e esperanças.
Assim o amor resiste ao tempo,
Fortalece e renasce a cada dia
No coração de quem tem coragem de amar.